quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

nos dê
literatura
um presente
lidere
litere tudo
livro-nos
do mau
Pensei na palavra ou palavrei o que pensava? Trovão,
palavrão enfureceu em mim, o baixo calão, o que baixo ou
mesmo calado ruminava. Pus nas mãos, calejado, apontei
meu cajado, atravessei o lobo no coração das ovelhas.

Não é revolver que só mira um ponto, o pixel interessante.
Granada: atira em 360°³ – graus esfericúbicos –, em 3D:
portanto, céus,terras, horizontes e tripulantes não escapam a
sua ira, seu deboche e sua súplica.

Passado o tempo, não deu para medir quanto, após o funeral
do tempo, essa granada é atômica, faz-se suicídio épico – por
mais que se queira lírico.

Queremos matar-nos o mundo; e nisso Deus nos compreende
– ou deus, se prefere a humildade – se chover versos
quarenta dias e quarenta noites.

De braços com a poesia vamos aos bares, igrejas, escolas,
praças, Tudos e descobrimos que fora disto não há mais
nada; mas descobrimos que dentro disso não realizaremos
nem um terço e inventaremos + 70 X 7 inteiros ao passarmos
mil e uma noites em claro. Então já contagiados. Atrapalhando

outras doenças que parasitam o mundo; uma doença que tem
efeitos colaterais: Artzsche.

crianças, agora numa reinocência, gargalhada de bebê para
camelesos; já indiferente, um tanto complacente, aos mau
humores de leão.

As outras doenças querem ilusões motorizadas, estruturas de
aço e pedra, como se os atropelamentos, o peso pontiagudo
caindo nas cabeças, jorrando sangue, fizesse com que fosse
mais sério, mais real: sem paciência para carrinhos puxados a
mão ou castelinhos de areia – que de certo constituem o reino
dos céus.

Suportamos a febre e o deserto das outras doenças, que
deixavam de cabeça quente, porque tomamos o leite materno
estelar, diretamente da via láctea.

Mas é certo que poesia também mexe com sangue. Ela vai
tão a fundo no sangue que mexe no seu porquê, por que e
pra quem trabalha, onde o sangue é empregado, para onde
corre fervente ou sereno: caudaloso hemossentido.

? Há muito que o sangue tem a ilusão de estar alimentando células que
têm seu fim para os tecidos que. Mas tudo isso: nervos, órgãos, o cérebro,
apenas edificam um concreto holograma para dar vida a fantasmas a sua
imagem e dessemelhança; não para parar no reflexo, mas para outro
refluxo e, a partir de sua imagem, ser muito mais.