quarta-feira, 23 de março de 2011

“Sim, uma puta!”




A conheci, pequenos. Pouco depois que conheci o Sol, a Lua, as Ruas,

Exatamente quando, não sei: desconheci o sol de minhas manhãs. Achando-o maravilhoso, ele chicotechateava as costas de alguém acorrentado a uma enxada.

Chegadas as noites, desconheci a lua. Uma deusa-ciclope, velando meus sonhos, também levava para si gritos e pedidos de socorro e como deusa (desde a fabricação da angústia-de-não-ser-ouvido) aos socorros se fingia mármore, quase não contendo o sorriso esguelhado para seu lado sombrio.

Caminhando para casa, desconheci as ruas. Dizia-as abençoadas pelas, mesmo inseguras, sensaçõvisões mais belas: desejo se concretizando ...ao longe... o risco-certo do pode-não-ser. Percebo; elas se dão a palco para as facas rasgadoras de vidas, estupradores de liberdade e espancadores com cassetetes oficiais.

Vitudoporumoutroladoeamultiplicidadedecadaladoeainfinitudedamultiplicidade  e, mesmo estranho, ninguém além de mim mesmo.
Primeiro olhei, lindo; segundo olhei, horrível; terceiro, vi: a primeirúltima das margens do principício; o Zero. Reconheci tal mundo como único possível. Passei a amá-lo por que sem opção para odiá-lo.
Tão sensível, passou em minha visão e com o som de suas curvas já a sentia no tato. Desconheci sua atribuída imagem. Reconheci seu sorriso sonhador. Devolvi a seus olhos o mistério, a sensualidade, ignorados pelo Poderoso-burro julgamento coletivo.
Foi preciso um terremoto pro vermelho embranquecer e uma puta virar noiva.
                           

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